Tenho um lago de palavras desordenadas, bem no meio do meu jardim secreto, escondido no lado oculto da minha mente, que ninguém conhece a não ser eu. São palavras de todos os tamanhos, de todas as cores e feitios. Algumas são tão leves, que se esgueiram pelo meio das outras, emergindo num bailado borbulhante de letras...
Outras, são mais pesadas e mantêm-se no fundo, presas ao chumbo cinzento que as reveste. Há ainda aquelas, que não sendo leves nem pesadas, formam uma massa uniforme que se passeia pacientemente em pequenos círculos fechados e submersos.
Há palavras, que, de tão belas, são as que mais brilham no meio de todas, provocando olhares de inveja nas outras, pois seriam sempre as primeiras a ser escolhidas, para adornar um qualquer poema de amor, que algum poeta apaixonado pela sua musa inspiradora se lembrasse de escrever.
Há outras, que de tão feias serem, pouca gente lhes dá importância, rejeitando-as desde sempre. São usadas na voz da noite vadia, vomitadas pelas bocas podres dos que pernoitam a margem das linhas rectas da vida, em calões e gírias que só eles entendem...
Tenho tantos lugares ainda desertos, nas linhas imaginárias do meu caderno amarelo de poemas, que vou escrevendo em segredo. Espero só pelo momento certo...
Mas hoje não! Hoje não vou escrever nada...
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